Marca Gay ’s Okay defende a “diversidade ciclística”

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Uma conversa com Allan Shaw, fundador da marca que se manifesta pela inclusão dos que não se encaixam nos tradicionais modelos sociais de gênero.

Por Erika Sallum

Ciclistas adoram falar sobre velocidade, recordes, força, treino. Muitos ainda curtem fazer piadas e brincadeiras machistoides e homofóbicas para descrever algum colega mais devagar ou não tão treinado ou “corajoso”. “Mas é uma bicha mesmo, né? Tá com medinho de pedalar comigo e ver quem ganha, hein, gay?”, vivia dizendo um colega meu do mountain bike aos companheiros de trilha. Em suas andanças pelo mundo nos últimos seis anos — durante as quais trabalhou como bike messenger em nove cidades, em seis países –, o escocês Allan Shaw também percebeu a cultura “macho man” que permeia o universo da bike. E decidiu que queria ajudar a acabar com isso.

“Apesar de eu ser homossexual assumido e confiante, e de ter sido quase sempre bem aceito por outros ciclistas com quem convivi, dei-me conta do quanto essa atitude preconceituosa pode intimidar as pessoas”, diz ele, que tem 28 anos e atualmente vive em Copenhague, na Dinamarca.

Allan resolveu criar um projeto de roupas e objetos para ciclismo que fosse também um manifesto pela inclusão daqueles que não se identificam com os tradicionais modelos sociais de gênero. Irreverente, linda, colorida, toda good vibes, a Gay ’s Okay produz caps, camisetas e moletons descolados — que podem ser usados por ciclistas e não ciclistas, queers, gays, heteros, lésbicas, pouco importa; o que importa é a diversidade e o respeito. Parte da renda é revertida para entidades que promovem a inclusão da comunidade LGBTQ+.

Conversamos com Allan sobre o seu projeto, sua paixão por bikes e, claro, sobre inclusão e empoderamento na cena ciclística.

Como começou a ideia de criar a Gay ’s Okay?

ALLAN SHAW: A Gay’s Okay foi criada, originalmente, para empoderar e dar maior visibilidade aos bikes messengers queers (gay, lésbicas, bissexuais, pansexuais etc.). A comunidade dos bike messengers — como o resto da comunidade ciclística — é dominada por homens hetero. Mas também é uma comunidade que atrai todos os tipos de pessoas alternativas e maravilhosas. O primeiro cap que produzi teve apenas 100 unidades, porém logo descobri que nossa mensagem não se tornou popular apenas entre a comunidade LGBTQ+, mas entre muita gente simpatizante.

Foi aí que eu percebi que havia uma real oportunidade de encorajar um ambiente totalmente novo, que incentive e celebre a liberdade de todo mundo ser quem quiser. Desde então eu comecei uma loja online, criei dois novos modelos de cap, camisetas e me comprometi a dividir parte dos lucros com organizações de apoio às causas LGBTQ+.

Como são criados os produtos?

Eu tenho uma rede de colaboradores: ciclistas, bike messengers, designers, artistas, que me ajudam nas criações. A Gay’s Okay é uma marca coloridíssima, de mensagens poderosas. É também um projeto sobre amigos! Eu acredito no processo colaborativo, de unir diferentes ideias, de trabalhar junto para chegar a um produto final. Conto com gente como Pedro Toda, bike messenger fodástico e um talentoso artista gráfico, e Jody Barton, artista consagrado internacionalmente e que também pedala. Não se trata de um projeto de um homem só — a Gay’s Okay é sobre todo mundo!

E o que a bike representa para você nesse contexto todo?

Para mim, a bike sempre foi uma prova da minha força, da minha capacidade e de liberdade. Em cima do selim, posso ir para onde quiser, posso superar qualquer obstáculo. Esse auto-empoderamento é sagrado para mim, por isso se tornou muito importante ajudar outras pessoas a quebrar barreiras para pedalar. Nesse sentido, a Gay’s Okay é uma forma de dizer a essas pessoas todas que elas são maravilhosas e que  elas têm um amigo aqui.

 

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