HQ mostra realidade dos romances entre casais lésbicos

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Melaço conta sete histórias onde, no final, tudo dá certo

Nesta quarta-feira (29), é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Entretanto, a data que marca a luta das representantes da primeira letra da comunidade LGBTQI+, ainda é bastante invisibilizada dentro da sociedade em que vivemos. E, quando aparece na mídia, é sob a forma de narrativas sobre casais lésbicos que acabam em finais trágicos e infelizes para as personagens. Foi pensando nesses retratos não tão representativos que surgiu o Melaço.

Trata-se de um livro em quadrinhos com sete histórias curtas que apresentam a mesma proposta: romances entre mulheres com um final onde tudo dá certo. “Eu sou lésbica e queria ver mais mídias com histórias bobas e felizes com meninas, então resolvi montar um projeto pequeno.”, conta Lita Hayata, autora e idealizadora do projeto.

Lançado na edição deste ano do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), o Melaço conta com a colaboração de outras seis autoras além de Lita: Aline Lemos, Bruna Morgan, Dani Franck, Dika Araújo, Jujuqui, Manu Negri, Talita Régis e mtika. “Foi um projeto super especial e em que eu acreditei muito, desde o começo. E uma das coisas mais legais de ter participado, foi conhecer mulheres incríveis e saber que estamos na mesma sintonia”, diz Juliana Moreira (Jujuqui).

Por ser uma produção independente, o Melaço contou com uma campanha na plataforma Catarse para conseguir financiamento para a impressão e a entrega do livro em todo o território nacional. Além disso, houve também muita divulgação por parte das próprias autoras, que acabou atingindo um alcance surpreendente. “Eu divulgava toda semana em grupos no Facebook e no Instagram. Além de grandes sites como o Minas Nerds, Valkirias e Gay Nerd Brasil falarem sobre o projeto, até a atriz Bruna Linzmeyer postou em seu stories do Instagram a respeito”, relembra Dani Franck.

O sucesso foi tanto que, perto do prazo final da campanha, o Melaço já havia ultrapassado o número necessário para a meta de apoio. O resultado com o público foi ainda mais positivo, e superou todas as expectativas das autoras. “Todos os exemplares que levamos para a FIQ foram comprados. Várias moças disseram que até aquecia o coração enquanto liam as histórias e que acharam bem representativo. Aí quem ficou com o coração quentinho fui eu.”, relembra Dani. “Não esperava tantas pessoas vindo atrás, elogiando, querendo saber mais sobre. O público LGBT estava precisando de algo assim. A gente clama por finais felizes!”, releva Juliana.


Histórias verdadeiras

Apesar da proposta ser a mesma para todas as narrativas que compõem o Melaço, cada autora trouxe uma temática diferente para sua história. “Minha história é sobre uma menina que fica desesperada porque não sabe como ir falar com a crush dela, e acaba pedindo ajuda da amiga. Sempre senti falta de histórias onde a menina que fica perdida e sem saber o que fazer. Quero me sentir representa, poxa”, conta Dani.

Além de situações reais, as inspirações que as autoras tiveram para escrever suas histórias variaram bastante umas das outras. “O que me motivou a escrever sobre uma gangue de assaltantes de banco foi um tweet que li uma vez, em que a pessoa escrevia algo mais ou menos assim: “a gente vê algumas histórias de romance e tal, mas imagina como seria legal se tivesse uma história de assalto a banco ou sei lá”. A importância de eu ter seguido essa linha é que eu também queria trazer um toque de humor à minha história, mas claro, sem deixar o romance de fora”, diz Juliana.

Mesmo que algumas das situações vividas entre casais lésbicos coincidam com as de casais héteros, a mídia não costuma representá-las da mesma forma. “O tema é romance. E encontrar um livro de qualidade com essa temática, em português e de conteúdo claramente lésbico – sem “traços de” ou sugestões – é o básico, mas nem isso nós temos. Duas meninas se curtindo porque é a coisa mais gostosa do mundo eu não encontrei nem quando pesquisava, que dirá à toa. Quando a história é um canto de esperança, são casais hétero. Mas quando é uma lição de como a vida é dura, são lésbicas.”, conta Lita.

O que poderia explicar a defasagem das representações que encontramos, então? “Acho que na maioria das vezes esse conteúdo não é feito para mulheres lésbicas/bis nem por lésbicas/bis.”, opina Dani. “Acho que quem escreve essas histórias simplesmente normalmente são homens héteros, que simplesmente não têm a vivência.”, explica Juliana.

O futuro do Melaço

Todo o sucesso da primeira edição do Melaço faz com que o público se pergunte se o projeto terá uma continuação, e mais histórias com que as leitoras possam se identificar. “Sim, o Melaço terá mais edições. No total serão dezoito livros, e o próximo deve ser mais especificamente pornô”, adianta Lita.

Mesmo sem mais detalhes sobre o futuro do projeto, as autoras também se mostram animadas com a ideia de uma continuidade. “É exatamente o tipo de projeto que eu acredito e quero fazer mais. Quero poder contar mais histórias sobre lésbicas felizes com suas namoradinhas felizes! Chega de sofrimento”, conta Dani. “Eu quero que continue. Que venha o volume 2! E 3, e 4, e 5…”, diz Juliana.

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