Gays na vitrine

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Homossexualidade ganha espaço na mídia e, aos poucos, começa a ser retratada com menos estereótipos
ROMÍ DE LIZ
universo gay vem, gradualmente, garantindo seu espaço na mídia. A vitória do professor Jean Willys no Big Brother Brasil (eleito com 16,7 milhões de votos) abriu terreno para a discussão sobre homossexualidade e preconceito.
O movimento vem no rastro de episódios como a aceitação pelo público de um casal de mulheres na trama das oito, da Rede Globo, e do crescimento ano a ano no número de participantes da maior parada gay do mundo. Há outros sinais da mudança, como o lançamento de um canal voltado aos homens que sentem atração pelo mesmo sexo ou o sucesso da premiada série Angels in America, que tem homossexuais como principais protagonistas. Será um sinal de que o preconceito está caindo por terra?
De alguma forma, sim, responde Roberto Warken. Sociólogo, especialista em educação sexual e mestre em educação e cultura, diz que a mídia sempre foi cruel, mas que é inegável a repercussão e a forma aberta como as pessoas começaram a discutir o assunto a partir do momento em que Jean assumiu publicamente sua orientação sexual.
– São lutas de 30, 40 anos, mas pela primeira vez a homossexualidade está sendo discutida de forma séria, sem estereótipos. Jean proporcionou uma rediscussão da normalidade e naturalidade das diversas sexualidades humanas – completa o estudioso de mídia e poder voltados à questão de gênero.
O professor universitário e pesquisador em Comunicação Rodrigo Manzano argumenta que a vitória de Jean é simbólica para os gays, mas não é real: faz parte de um mundo paralelo, porque os veículos acabam se conformando com o fato, apenas, e retardando uma discussão mais aprofundada.
– Acho que ele venceu por ser gay, mas não só por isso. Venceu porque tinha caráter, era pobre, simpático e fez jogo limpo. Se o Rogério, um dos pit boys, fosse gay, mesmo assim ele não ganharia – exemplifica.
Se, em outros tempos, a simples insinuação de afeto entre pessoas do mesmo sexo (como na novela Torre de Babel, de 1998) causava tanta polêmica que obrigava o autor a mudar o rumo da trama, agora o tema parece ter vindo para ficar e, desta vez, sem estereótipos. Em América, o personagem de Bruno Gagliasso, Júnior, começará a viver o conflito de revelar aos outros sua homossexualidade. Como já declarou em entrevista, o ator não tem medo da reação do público, pois vê uma mudança na sociedade e, se tiver que beijar na boca, faz, pois, como frisa, ator tem que mostrar a realidade.
Evolução na TV
1981 – Na novela Brilhante, que tinha um personagem gay (Inácio, vivido por Dennis Carvalho), o autor Gilberto Braga foi censurado e impedido de usar a palavra “homossexual” no texto;
1988 – O homossexualismo feminino é retratado pela primeira vez em Vale Tudo, com as personagens de Lala Deheinzelin (Cecília) e Cristina Prochaska (Laís). Alguns diálogos foram censurados;
1995 – Em A Próxima Vítima, a relação entre os adolescentes Jeferson e Sandrinho (Lui Mendes e André Gonçalves) causou grande impacto. Por causa do papel, André chegou a ser agredido na rua;
1997 – O bissexualismo é abordado em Por Amor com o personagem Rafael (Odilon Wagner), um pai de família que trai a mulher com outro homem;
1998 – O romance entre Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Silvia Pfeifer) em Torre de Babel foi muito criticado e Silvio de Abreu optou por explodir um shopping para dar fim às duas;
2003 – O jovem casal de lésbicas Rafaela e Clara, de Mulheres Apaixonadas (Paula Picareli e Aline Moraes), ganha a simpatia do público, que pela primeira vez torce por um “final feliz”;
2004 – Em Senhora do Destino, Jennifer (Bárbara Borges) e Eleonora (Mylla Christie) vivem de forma aberta sua relação, conseguindo até adotar uma criança.
Enviado por: Washington MuleKe da Silva,
Coordenador do New-Floripa
Grupo de Adolescentes Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transgêneros e Aliados em Florianópolis


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