Este guia gratuito de educação sexual foi pensado para orientar mulheres lésbicas e bissexuais

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Nicolle Sartor é criadora do fanzine Velcro Seguro, que fala sobre a importância da saúde sexual.

Por Paula Jacob

A falta de educação sexual aprofundada, correta e sem tabus gera inúmeros problemas tanto no âmbito social quanto no pessoal. Mulheres que não conhecem suas próprias vaginas, homens que não entendem a anatomia feminina, reprodução de preconceitos e repulsa em torno de uma questão que, na verdade, deveria ser naturalizada para o bem de todes. Nessas, as informações sobre relações sexuais entre mulheres lésbicas e bissexuais com vulva acabam ficando de lado ou com difícil acesso. Pensando nisso, a ilustradora Nicolle Sartor criou o guia Velcro Seguro: um fanzine gratuito sobre saúde sexual que explica desde os métodos de proteção até as principais IST (infecções sexualmente transmissíveis). “Ainda é muito difícil falar sobre sexo de maneira aberta, sem que hajam olhares tortos ou censura. Sobre saúde sexual de mulheres lésbicas e bissexuais nem se fala – literalmente”, conta ela à Glamour. A seguir, ela fala com mais detalhes sobre o projeto e a importância de termos conhecimento sobre nós mesmas:

Qual foi a motivação para fazer o guia?
A inspiração surgiu a partir de uma sensação bem particular de que não falamos o suficiente sobre saúde sexual entre mulheres lésbicas e bissexuais, tanto entre nós mesmas quanto em espaços dedicados à saúde LGBTQIA+ no geral. Ainda existe um estigma muito forte em relação à sexualidade das mulheres, principalmente mulheres que se relacionam sexual e afetivamente com outras mulheres. Depois de realizar uma pesquisa mais aprofundada, em busca de um material governamental que contemplasse o tema, encontrei uma cartilha do ano de 2007 chamada “Chegou a hora de cuidar da Saúde”. O acesso à ela é bem difícil: tive de procurá-la pelo nome, depois de encontrá-lo mencionado em um trabalho acadêmico que utilizei de referência. Só assim achei o link para download na biblioteca do Ministério da Saúde. Porém, a cartilha trata do assunto de maneira bem superficial e pouco ilustrativa. Considerando que a linguagem da ilustração é bastante acessível (inclusive para pessoas não-alfabetizadas) e que contribui muito para a educação sexual em si, a visualização é sim um artifício quase central na prática de sexo seguro, ao se auto-conhecer e identificar riscos.

O que você sentia que faltava (ou ainda falta) na educação sexual?
Eu acredito que um grande obstáculo na educação sexual e nas estratégias de conscientização da população sobre sexo seguro é o estigma que existe em torno das infecções sexualmente transmissíveis, as ISTs, e do sexo em si. Ainda é muito difícil falar sobre o assunto de maneira aberta, sem que hajam olhares tortos ou censura. Sobre saúde sexual de mulheres lésbicas e bissexuais nem se fala – literalmente. As próprias campanhas do governo acabam incentivando o “nojo” às ISTs. A “conscientização” através do medo mais afasta do que aproxima as pessoas do diálogo sobre proteção e também estigmatiza quem já esteve ou está infectado com alguma IST. A mudança desse panorama, portanto, pode acontecer a partir da organização coletiva em prol da disseminação de informações sobre saúde sexual, direcionada tanto às pessoas heterossexuais quanto às pessoas LGBTQIA+, pois no que diz respeito ao governo e suas ações, a educação sexual no país vai de mal a pior.

Guia gratuito auxilia mulheres lésbicas e bissexuais sobre saúde sexual (Foto: Ilustrações Nicolle Sartor/Divulgação) Salvar

Como as mulheres podem se ajudar nesse quesito, mesmo não sendo lésbicas?
Acredito que as redes de compartilhamento de informação são essenciais, tanto online quanto na “vida real”. Espaços para diálogo, troca de informações e aulas públicas são uma ótima maneira de disseminar informação sobre o assunto e aproximar as pessoas do tema. O ambiente digital também é muito propício para essa troca de informações, se compartilhadas e recebidas de forma completa.

O material foi editado de uma forma bem simples e educativa. Foi difícil chegar nesse resultado?
O objetivo da Velcro Seguro, desde o início, foi compilar o máximo de informações da maneira mais didática e acessível possível. Eu vi que um material mais compacto seria a melhor maneira de circular essas informações, tanto no meio online quanto impresso. Também prezei pela ilustração como algo central no material, já que ainda existe muito preconceito em torno do sexo entre mulheres e de seus corpos. Aqui, a ilustração aproxima e “ameniza” o teor da temática. Foi um trabalho e tanto compactar o volume de conteúdo sobre o assunto e reuní-las em “blocos” ao longo do material. A proposta foi fazer com que o material fosse de fácil reprodução e acesso, podendo ser impresso num mínimo de páginas. Daí a escolha do formato de fanzine.

Matéria completa aqui Revista Glamour


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