Deixa a travesti trabalhar

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Desculpe, Joana, Melissa, Adriana, Rogéria, Mariana, Glória, Pâmela, Vitória e todas as outras travestis que caminham do lado oposto ao preconceito.
Me desculpo por aqueles que não entendem o show da vida, a purpurina da alegria e os direitos de todo e qualquer cidadão.
Sim, cidadãs como os outros, seres humanos em busca de um espaço pra cantar, dançar, interpretar, ser feliz!
Pessoas que fazem seus shows, que trabalham duro para ajustar o figurino. Pessoas que sobem ao palco plenas e seguras de si.
Mas não é só isso, a purpurina que clareia o chão do show quando amanhece não é a mesma que elas encontram na rua.
Tudo porque grande parte das pessoas se considera no direito de determinar como os outros devem ser, quem devem amar, o que devem fazer e por aí vai.
Quando o Papa beijou a mão de uma travesti no Vaticano e disse: “Deus aceita-te como és”, quando isso aconteceu, ela chorou e eu também.
O mundo todo viu, o Brasil viu e aqueles que brincam de Deus também viram. Porém, sabe o que acontece?
Há um pavor absoluto dentro dos preconceituosos, talvez uma tristeza por ser aquilo que não querem (ou não sao).
Enquanto no Rio de Janeiro morre gente a torto e a direito, algumas pessoas só querem saber com quem a vizinha travesti se deita.
Enquanto os políticos brincam com o nosso dinheiro, rindo da nossa cara, algumas pessoas assassinam com pauladas e pedradas travestis por conta de nada.
Enquanto escrevo esse texto, sei lá, tem alguma travesti sendo ofendida na rua, apanhando do machão babaca ou morrendo de medo de sair de casa porque a amiga foi a vítima de ontem.
Desculpe, Suzana, Helena, Carmem, Luiza, Juliana, Laura, Valesca e todas as outras travestis que trabalham honestamente, que sonham com a casa própria, com o sucesso na profissão, com o grande amor que há de chegar.
Que tenhamos piedade de quem brinca de ser Deus, mas que não toleremos a violência gratuita pelo diferente da gente.
Que sejamos bons de coração com todos que cruzam nossos caminhos e também com os que não. Que nossa vida seja de fé na humanidade, mas nunca de comodidade na luta pela igualdade.
Que as travestis vivam em paz, pois é a única coisa que desejam. Que não sejam excluídas, encurraladas e violentadas em nome de um Deus que nem de perto é capaz de odiar assim.
Por favor, que tenhamos consciência de que é preciso respeitar o diferente, pois o diferente é igual a todo mundo.
O Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo, confesso que nem quero falar de números, pois eles chocam tal e qual o ódio disseminado por aí.
Desejo que possamos transformar esses números assustadores de mortes, em leite para as creches, em salário para os professores, para os bons policiais e tantos outros que têm o sonho de mudar esse Brasil.
Deixa a travesti pintar as ruas da cidade com a alegria da arte que carrega nas veias. Deixa a travesti ir e vir, pois isso é de direito de qualquer um.
Vamos cuidar das nossas vidas e aplaudir todos aqueles que têm coragem de ser quem são, de dar a cara a tapa, de trilhar seu próprio caminho.
Que sejamos amor, e mais do que isso, que estejamos na primeira fila do palco da vida – para aplaudir de pé toda e qualquer travesti que brilhar os olhos do mundo com a sua arte.

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