A comunidade LGBTQ do sul da Flórida está de luto e indignada pela morte da famosa modelo transgênero Yunieski Carey Herrera, 39 anos, que era namorada do brasileiro Ygor Arruda Souza, de 27 anos. Ele confessou estar sob a influência de metanfetamina quando usou um garfo e uma faca para esfaqueá-la em um acesso de ciúme na madrugada de terça-feira, 17.
De acordo com a polícia, o próprio Souza ligou para o 911 após o crime. Quando os policiais chegaram, a encontraram morta dentro do apartamento no 19º andar de um condomínio em Miami, perto do Adrienne Arsht Center for the Performing Arts.
Souza é dançarino e fez recentemente uma tatuagem “Yuni” no quadril esquerdo em homenagem à namorada. Herrera compartilhou um vídeo público em 15 de outubro, mostrando-o fazendo a tatuagem. “Ele tem meu nome! Meu marido me ama ”, escreveu a modelo.
Segundo o boletim, ele ligou para o 911 por volta das 4:25 da manhã de terça-feira e disse aos policiais que a metanfetamina havia arruinado sua vida e que ele havia esfaqueado sua esposa dentro de seu apartamento. Agentes do Miami Fire Rescue declararam a morte de Herrera no local.
Souza compareceu ao tribunal do condado de Miami-Dade na quarta-feira, 18. Ele está detido sem fiança no Turner Guilford Knight Correctional Center e vai responder por assassinato em segundo grau. Na Flórida, o crime de assassinato de segundo grau é um crime de primeiro grau e punível com mais de 25 anos de prisão, prisão perpétua e multa de $ 10.000. Assassinato de Segundo Grau recebe classificação de gravidade de delito de Nível 10 de acordo com o Código de Punição Criminal da Flórida.
Durante o interrogatório, ele disse a um investigador que estava discutindo com Herrera quando ela lhe disse que “ela tinha um homem melhor” do que ele, segundo o relatório de prisão. Ele disse que então foi à cozinha pegar uma faca e um garfo, a empurrou ao chão e a esfaqueou.
Ainda segundo o relatório policial, ele afirmou que, passado o surto, se deu conta do que fez e merece o castigo que enfrentará agora.
Histórico de violência
Ygor tem um histórico recente de violência. Registros do tribunal do condado de Miami-Dade mostram que ele foi preso em janeiro por três acusações de agressão. O caso continua aberto e ele tem uma audiência de julgamento em 8 de março.
Os registros das Correções e Reabilitação de Miami-Dade mostram que Souza está sob controle da imigração e ele estava em liberdade sob fiança quando o assassinato aconteceu.
Modelo cubana transgênero
Ativista da causa LGBTQ e modelo, Yunieski Carey Herrera era uma dançarina de salsa cubana e modelo que competiu em concursos de beleza por anos.
“Comecei em 2004, quando fui convidada para ser modelo para um desfile de moda local em Los Angeles e acabei de ficar viciada”, disse ela a um blogueiro em 2015, acrescentando que se tornou sua “paixão na vida”.
Herrera também era conhecida como a modelo “Yuni Carey” e como ativista local, admirada na comunidade LGBTQ.
“Além de ser incrivelmente bonita, ela era gentil e boa e se importava tanto com os outros quanto com ela mesma”, disse um amigo ao jornal Local 10, acrescentando que “Ela era uma pessoa muito especial para muitas pessoas”.
Arianna Innuritegui-Lint, diretora executiva do Arianna’s Center, uma organização sem fins lucrativos que visa capacitar a comunidade trans do sul da Flórida, disse que Herrera foi “incrível” e “doce”. Ela se lembra dela como alguém que realizou seus sonhos e queria ajudar outras pessoas a fazer o mesmo.
Herrera se tornou a 36ª mulher transexual a ser assassinada este ano nos Estados Unidos e sua morte aconteceu durante a Semana de Conscientização Transgênero. “Ela teve uma vida perfeita”, disse Innuritegui-Lint. “Ela estava apaixonada”, disse Innuritegui-Lint.