Benedetta Carlini não tem um minuto de paz. A freira que viveu na Itália entre 1590 e 1661 nasceu na época errada. Ela chegou a se tornar abadessa de seu convento na Itália, mas sua vida foi repleta de polêmicas e que ganhou versão cinematográfica pelo olhar do diretor holandês Paul Vehoeven. Lançado no Festival de Cannes de 2021, o filme destaque do final de semana no Telecine segue levantando debates por onde passa.
Se ela tivesse nascido algumas centenas de anos antes (ou mesmo cem anos depois), ela seria Santa Benedetta de Pescia. Mas ela nasceu no período da Contrarreforma da Igreja Católica. Esse fato teria consequências terríveis para Benedetta.
Desde o nascimento, ela estava destinada ao convento. Sua família morava nas montanhas a poucos quilômetros da cidade de Pescia, como era a prática comum na época, prometeu que filhos seriam dedicados à igreja. E lá foi Benedetta, aos 9 anos, viver no convento.
A ordem em que Benedetta estava inscrita foi fundada por Ursula Benincasa, uma freira mística conhecida por suas visões. Úrsula morreu em 1618, Benedetta Carlini se tornou a abadessa do convento pouco depois já que, ainda que jovem para o cargo, ela tinha visões. A primeira foi aos 23 anos, mas com o tempo, aumentaram em intensidade e detalhes.
Com o tempo, ela começou a ter visões de
homens que a tentavam matar, e por isso é assistida por uma irmã, que passou a dividir o quarto com ela. As duas se tornam ainda mais próximas e acabaram nutrindo um romance
conturbado, ameaçando a permanência das irmãs no convento.
O roteiro do longa, escrito por Verhoeven e David Birke, parte de uma vasta pesquisa da historiadora inglesa Judith C. Brown, publicada no livro “Immodest Acts: The Life of a Lesbian Nun in Renaissance Italy”. Verhoeven confessa que o que mais o atraiu para fazer um filme sobre Benedetta é sua ambiguidade.
Premiado na 29ª edição do Festival MixBrasil como melhor filme estrangeiro, Benedetta tem estreia inédita no Telecine Cult, que está com sinal aberto até 2 de maio, às 22h.