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De acordo com os dados do Atlas da Violência, os homicídios contra grupos sociais politicamente minoritários tiveram um aumento entre 2020 e 2021, especialmente contra mulheres, negros, indígenas e a população LGBTQIA+. A apresentação do Atlas da Violência 2023 ocorreu em Brasília, na terça-feira (5), e teve como base fontes do Ministério da Saúde referentes ao ano de 2021. Enquanto a taxa geral de homicídios teve uma redução de 4,8%, o número de homicídios contra esses segmentos da sociedade aumentou significativamente.
O coordenador da pesquisa e técnico do Ipea, Daniel Ricardo de Castro Cerqueira, destacou que, embora a taxa de homicídios tenha diminuído no Brasil nos últimos anos, houve um aumento expressivo da violência contra certos grupos sociais, especialmente negros, mulheres e indígenas. Especialistas mencionam que discursos extremistas direcionados a esses grupos, que coincidiram com o governo de Jair Bolsonaro entre 2019 e 2022, e a pandemia da Covid-19, que impactou de maneira mais intensa as populações vulneráveis, podem ter contribuído para essa discrepância nos dados.
O relatório do Atlas da Violência revelou que todas as ocorrências de violência contra homossexuais e bissexuais aumentaram no período de 2020 a 2021, com um aumento de 14,6% nos casos de violência contra o primeiro grupo e 50,3% de aumento nos casos de violência contra bissexuais. Em relação a trans e travestis, a violência física aumentou em 9,5% e a violência psicológica em 20,4%.
O estudo também observou que os negros representam 55,3% das vítimas homossexuais e 52,2% das vítimas bissexuais. Essa porcentagem é ainda maior entre as pessoas trans e travestis, em que as mulheres trans negras concentram 58% das vítimas, em comparação com 35% das mulheres brancas, e os homens trans negros representam 56%, em comparação com 40% dos homens trans brancos. No caso das travestis, as negras totalizam 65% das vítimas, enquanto as brancas representam 31%. O documento conclui que as travestis negras e os jovens são os mais desproporcionalmente vitimizados dentro do segmento LGBTQIA+.