30% dos franceses LGBT se sentem discriminados no ambiente de trabalho

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Por RFI

“Sair do armário” pode prejudicar a carreira de um empregado na França.

Pesquisa realizada neste mês de dezembro pelo Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) informa que 30% dos franceses LGBT já experimentaram discriminação em seu ambiente de trabalho.

Paloma Varón

De acordo com o estudo, as principais discriminações sofridas por pessoas LGBT no trabalho são: piadinhas por parte dos colegas (60%), ser ignorado pelos colegas (31%) e a desigualdade no avanço da carreira (29%). Se 73% das pessoas entrevistadas se dizem confortáveis face a um(a) colega gay ou lésbica, o índice cai para 64% quando se trata de um colega transgênero.

O resultado da pesquisa não surpreende o coordenador da associação de trabalhadores LGBT Homoboulot (Homotrabalho, em tradução livre), Philippe Chauliaguet, para quem “a situação dos trabalhadores melhora quando as empresas, sejam elas públicas ou privadas, adotam uma atitude e um funcionamento inclusivos”.

Para Uxio Malvido, executivo de Recursos Humanos especializado em Gestão de Talento e Diversidade e autor do blog Diversidad Corporativa, os resultados desta pesquisa são compatíveis com estudos realizados ao longo dos últimos dez anos, que mostram que entre 20 e 40% de pessoas LGBT se sente discriminadas no mercado de trabalho. “É importante salientar que todos estes estudos foram realizados em países com alta proteção legal, então sem dúvida a situação é muito pior em outros países”, diz.

“Todas as mulheres e todos os homens homossexuais encontram problemas de visibilidade no trabalho. Após a saída do armário nos campos familiar e no círculo de amigos, o campo do trabalho é o último teste. Este desafio tem uma dimensão considerável, pois ele pode ter consequências em termos de carreira e de condições de trabalho. Além disso, é uma situação de ‘coming out’ (saída do armário) permanente, pois os colegas e a hierarquia podem mudar e revisar a forma como lidam com o colega LGBT”, afirma Chauliaguet.

Ocultação

O ativista da associação Homoboulot diz que é comum as pessoas LGBT não participarem de conversas sobre sua vida privada no ambiente de trabalho por receio de serem descobertas e, consequentemente discriminadas. “Isso muitas vezes as coloca à margem do serviço, da unidade do trabalho”, constata.

Segundo Malvido, isso se chama “covering”, ou seja, ocultar aspectos da personalidade ou da vida por medo de que isso não se encaixe na empresa. “Isso acontece também entre os heterossexuais, porém a orientação sexual afeta toda a sua vida e ter de ocultar algo tão importante gera um grande gasto de energia”.

Para ele, esta ocultação da orientação sexual não faz bem nem aos empregados – que dispensam energia e geram incômodo ao evitarem conversas de cunho pessoal, ao terem de ocultar o nome do parceiro de mesmo sexo etc. – nem à empresa, que perde produtividade e a oportunidade de conhecer e tirar o melhor de cada um de seus empregados.

“Um trabalhador que não se sente confortável em seu ambiente de trabalho, que é vítima de piadas ou discriminação por parte dos colegas, não se sentirá bem profissionalmente, dificilmente se destacará e talvez não desempenhe o seu papel na empresa da melhor maneira”, analisa Chauliaguet.

Departamento de Diversidade

Na França e nos países mais desenvolvidos, atualmente, existem empresas de grande porte que têm um departamento de Diversidade, como indica Malvido, que já trabalhou na área em outros países europeus: “Na minha experiência em Recursos Humanos, tenho conhecido empresas muito sofisticadas, que têm empregados LGBT em múltiplos países, oferecem formação e comunicação interna sobre o tema, patrocinam eventos externos, como conferências e salões de emprego… e outras que não fazem nada”, conta.

Chauliaguet reconhece este trabalho das grades empresas e diz que os resultados começam a ser vistos, mas lembra que há ainda um longo caminho a percorrer, sobretudo no que diz respeito a pequenas e médias empresas.

Segundo Malvido, para muitas empresas, esta atitude positiva frente aos empregados LGBT pode gerar controvérsia no início, e algumas companhias preferem começar a trabalhar a diversidade pelo ponto de vista de gênero ou geracional.

“Vale lembrar que as áreas de Diversidade e Inclusão empresariais nasceram nos Estados Unidos, onde empresas se deram conta de que a ênfase no cumprimento legal não era a melhor estratégia e que o importante era mostrar os benefícios para as empresas de contarem com modelos diversos, porque geravam mais resultados e melhor reputação para a organização”, observa Malvido, que, em seu blog diversidadcorporativa.com, aconselha que a dimensão da orientação sexual seja mencionada explicitamente nas empresas.

“Com o passar dos anos, as empresas foram se dando conta de que suas folhas de pagamento são cada vez mais diversas em nível de cultura, religião, orientação sexual, idade, gênero etc. e que isso requer adaptações em suas práticas de recursos humanos para tirar o melhor de todas estas diferenças”, completa.

Para os empresários e administradores, Malvido dá o recado: “Os empregados LGBT gostam de que a empresa para a qual trabalham seja ativa neste terreno, porque isso manda um sinal de que eles são bem-vindos e que a empresa quer criar um verdadeiro ambiente inclusivo para todos os trabalhadores”.

 

http://br.rfi.fr/franca/20171218-30-dos-franceses-lgbt-se-sentem-discriminados-no-ambiente-de-trabalho

 

 


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