Presidente Duterte apoia o casamento gay

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Esta semana, o Supremo Tribunal filipino discute se o país deve mudar ou anular as leis que o proíbem.

Luís M. Faria

O presidente filipino Rodrigo Duterte, conhecido por ter lançado uma vaga de execuções extrajudiciais que já matou milhares de alegados traficantes e toxicodependentes, não é exatamente o modelo de um político progressista. Mas pelo menos num assunto ele encontra-se (de momento) ao lado dos progressistas: o casamento gay.

Esta terça-feira o Supremo Tribunal filipino vai ouvir alegações num processo interposto por um advogado que exige igualdade no casamento independentemente da opção sexual. Duterte fez saber que apoia. Há meses, falando a um grupo gay, já tinha dito: “Sou pelo casamento gay se é a tendência dos tempos modernos. Se isso aumenta a vossa felicidade, sou a favor. Para quê impor uma moralidade que já não funciona e quase passou”.

A posição dele não é tão linear como parece. Duterte já mudou de posição no assunto uma ou duas vezes, e sua opinião atual parece ter a ver, em parte, com a guerra que vem mantendo com a Igreja Católica desde que foi eleito, ou até antes. Os bispos têm criticado vários aspetos das suas políticas, e o poder deles é enorme no país com mais católicos da Ásia. Dos mais de 103 milhões de filipinos, cerca de 80 por cento são católicos. A influência da Igreja faz-se sentir, por exemplo, na proibição do divórcio, hoje em dia muito rara no mundo.

Abusado por padres em criança

O casamento entre pessoas do mesmo sexo também é proibido, mas o advogado Jesus Falcis, de 31 anos, argumenta que isso viola a constituição, onde não consta especificamente nada sobre o assunto. “Como membro de uma minoria, quero contestar as leis que discriminam contra as pessoas LGBT”, diz, garantindo que optou por estudar direito com esse objetivo.

Originalmente interposto em 2015, o processo só avançou quando a ele se associaram dois homens com intenção expressa de casar, portanto com um interesse direto e imediato no assunto (não é o caso de Falcis). O desfecho é bastante incerto, mas o facto de o tribunal ter aceite o processo quando podia facilmente tê-lo recusado com um pretexto formal é visto como um progresso em si mesmo. Apesar da sua religiosidade, a população filipina tende a ser tolerante, e muita gente aprova a mudança na lei.

Para Duterte, uma dimensão mais pessoal da questão tem a ver com ele ter sido abusado por padres na juventude. Além disso, reconheceu em entrevistas que a certa altura não sabia se queria ser homem ou mulher. Da parte de um presidente com uma atitude extremamente macho, foi uma revelação supreendente.

 

http://expresso.sapo.pt/internacional/2018-06-18-Presidente-Duterte-apoia-o-casamento-gay#gs.stKpPKs


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