Três em cada cinco alunos gays ou bissexuais dizem que já ouviram comentários negativos de quem os devia proteger.
Mais de metade dos adolescentes e jovens gays, lésbicas e bissexuais já ouviram comentários homofóbicos de professores e funcionários não-docentes das escolas.
A conclusão está num estudo feito por duas universidades (ISCTE e Universidade do Porto) para a Associação ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero. Foram ouvidos quase 700 jovens com idades entre os 14 e os 20 anos.
Os comentários homofóbicos de professores e funcionários não-docentes atingiram três quintos (62%) dos inquiridos e aconteceram de forma ocasional ou frequente para 28,5%.
O estudo apresenta alguns testemunhos dos jovens. Por exemplo:
“O meu professor de português era homofóbico e estava sempre a mandar piadas”.
“Os meus professores são extremamente machistas, misóginos e fazem frequentemente comentários machistas e homofóbicos”.
“Já sofri de muito preconceito por (…) quer professores, funcionários ou alunos”.
“Cheguei a sentir uma extrema vontade de abandonar a aula por algo que um professor disse”.
As ‘bocas’ homofóbicas são ainda mais comuns entre os colegas (75,1%), sendo que ao todo a maioria da amostra (61,1%) ouve de forma regular ou frequente comentários homofóbicos na escola.
“Os meus colegas apertavam-me o pescoço por eu ser gay”.
“Fui espancada por estar na Marcha LGBTI”.
“Fiquei sem todos os meus amigos, a minha turma punha-me completamente de parte”.
Quase 8% contam mesmo que foram alvo de agressões físicas por causa da orientação sexual, com 73,6% a sentirem-se alvo de “exclusão deliberada” pelos colegas, com muitos a serem alvo de rumores e mentiras sobre si na escola.
O estudo também mostra que os jovens alvo de discriminação têm quatro vezes mais hipóteses de faltar. Um dos jovens explica que “sinto-me profundamente triste, pois pensava que a escola seria diferente”.
O trabalho conclui que “em muitas situações a escola parece assistir de forma passiva aos incidentes de bullying e discriminação, não intervindo por exemplo quando ocorre linguagem discriminatória ou insultos”.
https://www.tsf.pt/sociedade/interior/alunos-denunciam-professores-e-funcionarios-homofobicos-9491782.html