Por RFI
Uma forte campanha nas redes sociais ajudou a libertar Sarah Hagazy e Ahmed Alaa, acusados de brandirem bandeiras LGBT durante um show no Egito.
Um tribunal egípcio decidiu libertar dois jovens sob fiança, acusados de brandirem a bandeira do arco-íris, símbolo da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), segundo afirmou o advogado nesta terça-feira (2).
A aparição de bandeiras do movimento LGBT durante um show de pop-rock da famosa banda libanesa Mashrou’ Leila, no final de setembro no Cairo, resultou em pelo menos seis prisões e serviu como pretexto para uma grande onda de repressão policial contra supostos homossexuais. Após dezenas de prisões, um tribunal do Cairo condenou em novembro 16 homens a três anos de prisão.
Mashrou’ Leila é considerada uma das bandas indie mais promissoras do Oriente Médio, segundo jornais como The Guardian e o The New York Times. Seu vocalista, assumidamente gay, satiriza em suas letras, sempre cantadas em árabe a sociedade e a política libanesa.
Os dois acusados de brandirem bandeiras LGBT durante o show de Mashrou’ Leila no Egito, Sarah Hagazy e Ahmed Alaa, foram liberados durante a investigação em troca de uma multa de 1.000 libras (€ 47) cada, segundo disse seu advogado, Hoda Nasr.
Os dois jovens, que se beneficiaram de uma forte campanha nas redes sociais chamada “No Hate Egypt”, devem deixar a prisão na quarta (3) ou quinta-feira (4), acrescentou. Ambos continuam sendo acusados de “pertencer a uma organização ilegal e incitamento à libertinagem”, de acordo com seu advogado.
Esta última incriminação – incitação à libertinagem – é usada pelos tribunais egípcios para condenar as relações homossexuais. O código penal não proíbe explicitamente o homossexualismo. No entanto, vários deputados egípcios propuseram em outubro um texto que prevê sentenças de prisão para pessoas do mesmo sexo que tiveram relações sexuais.
Sarah Hagazy, segundo se constatou durante a investigação, nem mesmo se encontrava no local durante o show de Mashrou’ Leila no Cairo. Ahmed Alaa ironizou: “Se eu estivesse com a bandeira do grupo Estado Islâmico não teria sido preso”.
A Anistia Internacional denunciou o projeto de lei como “profundamente discriminatório” e “um golpe de misericórdia nos direitos sexuais no Egito”.
http://br.rfi.fr/mundo/20180102-egito-libera-dois-presos-por-brandirem-bandeira-lgbt-apos-onda-de-repressao