Agora o Kit Gay é real

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Por Dodô Azevedo, G1

Todos sabem hoje que o Kit Gay, aquele famoso que tanto barulho fez em nosso meio político, era fake news. Uma ficção para mobilizar o que de conservador há, sempre houve, desde as capitanias hereditárias, na sociedade brasileira.

Coisa de político. Inventar coisa pra se eleger. Até aí, nada de novo.

O que há de novo é que o Kit Gay acaba de se tornar uma realidade. De supresa, a Editora Record lança um pacote com três dos seus livros de seu catálogo jovens adultos, todos com protagonistas gays, sob uma gloriosa caixa chamada… Kit Gay.

Que já está à venda nas lojas online e chega às físicas amanhã. Dentro, as obras “George” (2015), do autor americano transgênero Alex Gino, “Dois garotos se beijando” (2013), do americano consagrado David Levithan, “Você tem a vida inteira” (2018), romance de estreia do brasileiro Lucas Rocha.

Justamente na época em que a indústria literária no Brasil passa por seus piores momentos, uma iniciativa dessas lembra o pós 11 de setembro, em Nova Iorque.

Após os atentados às torres gêmeas, todos os imóveis da cidade desvalorizaram-se. Imediatamente os turistas sumiram. Medo de que o ataque fosse o início de uma rotina.

Quando teatros, cinemas e restaurantes de Manhattan estavam vazios, reparou-se em uma clientela fiel. O público LGBTI. Manhattan, sendo a sede de muitas empresas multinacionais, concentrando em si os escritórios e postos de trabalhos mais cobiçados do mundo, reparou que era habitada por LGBTIs.

Pacote 'Kit Gay', da editora Record — Foto: Divulgação Pacote 'Kit Gay', da editora Record — Foto: Divulgação

Pacote ‘Kit Gay’, da editora Record — Foto: Divulgação

Gays mulheres e homens, hoje o mercado sabe, costumam ser um tanto mais eficientes em uma empresa, de qualquer área. Talvez sexualidade não reprimida disponibilize mais energia e neurônios para o trabalho, vai saber.

O caso é que, neste primeiro momento pós 11 de setembro, quando todos, com medo, tentavam sair de Manhattan, os LGBTIs permaneciam. E, com muito dinheiro para gastar, mantiveram todos os setores econômicos da cidade como estava antes do atentado.

É sabido desde 1782, na Europa do escritor Choderlos De Laclos, que gays, homens e mulheres, costumam, também, ser mais eruditos. Que costumam ler e escrever mais. Nenhuma novidade. Tão já sabido quanto políticos inventarem lorotas para se elegerem.

Por isso, contar com este público para não permitir que o mercado de livros no Brasil sofra ainda mais com a bolha criada por biografias de Bispos Evangélicos e outros Best Sellers conservadores, é um ato de inteligência.

No caso, de coerência, como contou a este Blog, Rafaella Machado, uma das sócias do Grupo Record e Editora do selo Galera, voltado para jovens adultos:

– A ideia foi aproveitar que fomos pioneiros em livro para jovens adultos com temática LGBT e lançar esse kit. E por que não o nome Kit Gay?

“Por que não?” – Já foi refrão de canção popular em tempos difíceis que passamos durante a ditadura militar. É uma pergunta que, feita a si próprio, desperta que há de heróico em você.

Todo movimento contracultural é uma reação a movimentos que queriam que se volte atrás, que se conserve o mundo injusto que criamos. Por isso a dicotomia contraculturais versus conservadores.

Então, nada mais natural que iniciativas heróicas agora vicejem energéticas.

Afinal, por que não?


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